Mosaico
Véra Regina de Oliveira*
O Mosaico é, das linguagens artísticas, uma das que mais encantam na atualidade. Consiste em formar imagens recobrindo superfícies com pequenas peças oriundas de materiais diversos.
Véra Oliveira. Capelinha, mosaico, 2006.
No rico espectro desta linguagem visual, há espaço para concepções pictóricas, para os padrões lógicos da geometria e para uma gama infinita de materiais.
E o mosaico, além das tesselas feitas de pedra ou pasta vítrea, revela as possibilidades expressivas de algo que não é usual como o seixo rolado, cacos de cerâmica ou porcelana, sementes ou pedras preciosas.
O mosaico, em suas primeiras manifestações, atendeu ao desejo de ornamentar.
Entre sumérios, gregos, romanos e bizantinos, surgiram sofisticadas formas de recobrir superfícies com pedras, vidro, conchas e cerâmica.
Sem pretender apontar os mais antigos exemplares desta técnica, mas detendo-nos nos suportes mais utilizados para a execução do mosaico, encontramos no século V a.C. o mosaico em pavimentos de seixos.
Dionysos. Mosaico de seixos. Pella.
Com o passar do tempo, o domínio da técnica e o uso de novos materiais (tesselas de mármore ou pasta vítrea), o mosaico ascendeu às paredes e tetos.
Mosaico romano, séc.II, Castle, Colchester, Essex.
E o auge do mosaico parietal aconteceu com o uso do azul e do ouro no Período Paleo-Cristão em Roma, Bizâncio e Ravena.
San Apollinare in Classe, Ravena. Mosaico da ábside.
Na Renascença e posteriormente, houveram estudos, pesquisas. E releituras sobre os magníficos mosaicos paleo-cristãos. Mas só a partir do séc. XIX houve uma revitalização da arte musiva.
No século XX, surgiram novas abordagens na criação de mosaicos.
Gaudi. Sagrada Familia, torres da fachada da Natividade. Barcelona.
A Antônio Gaudi creditamos a aplicação de mosaicos sobre relevos escultóricos e, a Raymond Isidore, o Picassiette: técnica que usa porcelana quebrada (“broken china”) para criar superfícies de mosaico.
A casa de Raymond Isidore em Chartres, França, é conhecida como Maison Picassiette. Isidore revestiu-a totalmente com porcelana quebrada ( broken china ou broken dishes) e toda sorte de objetos que encontrava.
Esta arte única por sua simplicidade, caráter lúdico e pelas possibilidades infinitas de criação, manifesta sua influência em criações de mosaístas do mundo inteiro. Verificamos a expressão desta tendência quando as tradicionais pastilhas dividem espaço com toda uma nova gama de materiais, sejam naturais ou manufaturados, como grãos, tecidos e todo tipo de material reciclado. Aplicados em móveis, molduras, caixas e vasos, também recobrem paredes, monumentos e edificações em um renovado interesse nesta arte milenar, como podemos observar na arquitetura, no paisagismo e na decoração.
Véra Regina de Oliveira
Artista plástica e especialista em Educação Artística Aplicada.
Brasília, 10 de abril de 2003.
Publicado no Guia Construção & Decoração Brasília 2003/2004
hellen on 18 Mar 2009 at 12:03 am #
www.veraoliveira.com.br/